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Monique Evelle, empresária, investidora e comunicadora, é uma mulher negra e está vestindo uma blusa branca e um casaco marrom. Está sorrindo.
Monique Evelle. Crédito: Guido Ferreira/Divulgação Sony

Para Monique Evelle, o sonho de empreender começou cedo. Com 16 anos, ela fundou o Desabafo Social — laboratório de tecnologias voltado para geração de renda, ensino e comunicação. 

Aos 26 anos, foi incluída na lista dos 50 profissionais mais criativos do Brasil, levantamento feito pela Revista Wired. Também foi destacada como uma das maiores empreendedoras do país pela Forbes dos Estados Unidos. 

Hoje, é co-fundadora da inventivos, plataforma de formação de novos empreendedores. Além disso, atua ainda com investimentos e com consultorias de diversidade e inclusão.  

Recentemente, Monique anunciou que entrará para o time dos ‘tubarões’ da oitava temporada de Shark Tank Brasil. Agora, ela também faz parte do conselho administrativo da Toti Diversidade.

Diversidade, ESG e lucratividade na visão de Monique Evelle  

A diferença entre o que é dito e o que é praticado

Monique Evelle é enfática ao afirmar que ações de diversidade e ESG trazem resultados significativos, como credibilidade. “E essa credibilidade e reputação também se transforma em dinheiro”, diz. 

No entanto, assim como existem avanços, também há disparidades entre o que é falado e o que é feito. Monique aponta que há empresas que contratam profissionais de grupos sub-representados em momentos específicos, como mês do orgulho LGBTQIAP+, mês da mulher e novembro negro. 

Segundo a empresária, essas organizações ainda não entenderam um ponto crucial: o compromisso com a diversidade pode impactar positivamente a sociedade e, além disso, trazer retorno financeiro.

“Apesar de ser nesse formato, eu prefiro que a empresa faça isso nessas datas populares,  estratégicas e comerciais do que não faça nada”, declara. 

Porém, ela ressalta que a escolha da sociedade também é importante: “A gente quer incentivar comportamentos de empresas que só aparecem em períodos estratégicos ou organizações que conseguem fazer tudo isso durante o ano de forma sustentável?”

Atitudes que devem ser evitadas no processo de promoção da diversidade

Confira os erros apontados por Monique Evelle:

Disponibilizar poucos recursos financeiros

A investidora reforça que é inviável pensar em inclusão com a pouca verba que, geralmente, é disponibilizada. 

“A gente quer fazer transformação? Então, vamos fazer a transformação em diversidade e ESG com o mesmo dinheiro que a área de marketing tem”, indica Monique. 

Contratar, mas não incluir 

Outro erro é contratar pessoas diversas e não fomentar a inclusão. A investidora explica que, às vezes, o ambiente é tão preconceituoso que afeta a saúde mental de pessoas de grupos sub-representados. 

Dessa forma, elas não conseguem ficar nem um ano na empresa. “Pior, não conseguem completar o período de experiência de três meses”, lamenta Evelle. 

Não reconhecer o trabalho dos colaboradores envolvidos nos comitês

Comumente, as empresas decidem criar comitês de diversidade com o objetivo de estimular diálogos sobre temas relevantes e promover iniciativas de inclusão.

No entanto, as pessoas que se voluntariam para participar desses comitês, muitas vezes, enfrentam a dificuldade de conciliar suas responsabilidades regulares com as tarefas adicionais assumidas. 

Como resultado, é provável que recebam feedback negativo da liderança, que levanta questionamentos sobre o seu desempenho. 

O problema, segundo Monique, é que a direção não reconhece que o trabalho realizado no comitê também contribui para aumentar o lucro da empresa. 

“Essa pessoa está trazendo resultados, só que não está no escopo dela e não está sendo remunerada por isso”, comenta. 

Expectativa para o Shark Tank Brasil

A nova temporada de Shark Tank Brasil estreia no segundo semestre deste ano. Com isso, Monique diz que espera poder dar suporte para empreendedores de grupos sub-representados.

Ela menciona que existem complexidades em pessoas pretas que são diferentes de outras não pretas. Por isso, é preciso ter um olhar cuidadoso. 

“Por que será que a confiança delas é menor do que a de outro rapaz que teve todo o privilégio de ter acesso a entender, desde muito cedo, o que significa pitch e como se preparar?”, reflete Monique. 

No entanto, a investidora está ciente de que pode enfrentar o desafio de ter um tempo reduzido para identificar se os traumas enfrentados por pessoas de grupos minorizados estão influenciando na qualidade da apresentação. Ao mesmo tempo, é necessário observar se apenas faltou preparação. 

“É muito pouco tempo para conseguir fazer um filtro e, provavelmente, eu vou errar e devo me equivocar”, reconhece. 

Monique Evelle está vestindo uma blusa branca e uma calça e um casaco marrom. Está sentada em uma poltrona e sorrindo para a câmera.
Monique Evelle — empresária, comunicadora e investidora. Crédito: Guido Ferreira/Divulgação Sony

Monique Evelle agora é conselheira administrativa da Toti Diversidade 

A empresária chega ao conselho da Toti para compartilhar a sua experiência em estratégia de negócio e expansão de marca.

Monique diz que só aposta em uma pessoa ou em um negócio se construir um relacionamento sólido. “Não estou nem falando de investimento aqui, estou falando de olhar com atenção, indicar, trabalhar perto e por aí vai”, explica. 

A Toti estreitou laços com a Monique em setembro de 2018 e, desde então, a relação tem evoluído significativamente. 

“Eu construí um relacionamento com a Toti antes do nome ser esse, em setembro de 2018. Depois, fui acompanhando a evolução, fui mentora do fundo Semente Preta do Nubank. E agora chegou o momento de somar de forma mais próxima”, conclui.